domingo, 29 de junho de 2008

Manuel Dias

Podias estar aqui, podíamos estar a rir das imensas histórias que tinhas para contar, dos imensos momentos que viveste por todo este mundo. Mas não, partiste. Partiste cedo de mais para me relatares toda a tua vida sentado no canto do sofá a fumar SG azul e a beber um whisky com duas pedras de gelo como pedias sempre. Sinto a falta dos momentos fantásticos, das noitadas portuenses num tasco algures no douro. Deixas-te uma filha, uma menina de 17 anos que vai ter de aprender a viver sem o seu pai, o grande Manuel Dias, o pai chato, o pai “cota”, como dizia ele, que achava que era bastante mais eficaz conservar um ovo cozido no sal do que no frigorifico. Tenho saudades de subir as escadas e ver-te na varanda a ler o jornal e a comer tostinhas com patê, saudades de te ver escrever dias e dias a todas as horas. Tenho orgulho do meu tio, do Manuel Dias da rádio, da televisão, dos jornais, do Manuel Dias das noitadas, de ti. Gostava de voltar a ver-te são, com um sorriso de orelha a orelha enquanto te divertias com os amigos de sempre, os amigos de uma vida a teu lado. Gostava de voltar a ver-te discutir com a tia por um isqueiro ou uma folha de papel timbrada com o teu nome. Tenho orgulho em ti, tenho orgulho na pessoa maravilhosa que foste e serás para sempre, tenho orgulho no que nos deixaste e acima de tudo, elas têm orgulho do fantástico pai e marido que foste. Ficarás sempre com os mais próximos e mesmo com os mais distantes, ficarás sempre nos corações, no mundo pela alegria que carregavas com um imenso gozo e fazias questão de partilhar.

19.07.1934/11.04.2008

Sem comentários: